A ministra Ana de Hollanda vive seus piores dias no governo desde que assumiu a chefia do Ministério da Cultura, no começo do ano. Após as denúncias de recebimento irregular de diárias, publicadas na imprensa nesta semana, ela passou por momentos tensos ontem, na Assembleia Legislativa de São Paulo, durante encontro com artistas e produtores culturais que questionavam sua gestão. O diretor de teatro Zé Celso Martinez foi um dos mais exaltados e chegou a ser repreendido pelo mediador do debate, que precisou interferir para amenizar a situação. Também houve rusgas entre a ministra e o dramaturgo Roberto Carvalho, que criticou a falta de relação dela com artistas populares. No fim do evento, a ministra, visivelmente abalada, saiu sem dar entrevistas e, para evitar a imprensa, foi escoltada por policiais militares, que empurraram os jornalistas.
O episódio ocorreu um dia após a recomendação da Controladoria-Geral da União (CGU) de que o dinheiro correspondente a cinco diárias fosse devolvido pela ministra. Segundo as denúncias, Ana de Hollanda tinha o costume de marcar compromissos fora de Brasília, especialmente no Rio, onde tem imóvel, às sextas e às segundas-feiras, e recebia diárias mesmo nos dias em que não havia agenda oficial. "Quero deixar claro que grande parte desses dias eu estava em compromissos informais com gente da cultura", justificou a ministra, na segunda-feira. "Pela nota da CGU, não tem nada de ilegal. Foi só uma recomendação", acrescentou. Ana de Hollanda confirmou que irá devolver o dinheiro das diárias, mas, segundo a sua assessoria de imprensa, o valor ainda será calculado.
A crise na Cultura intensificou as críticas à gestão de Ana de Hollanda, que já foi questionada por querer suspender o pagamento de convênios com indícios de irregularidades e por rever a lei de direitos autorais. Apesar dos problemas recentes, ela rechaçou a possibilidade de deixar o cargo. "São muitos boatos, muitas fofocas, mas o meu ministério está integrado ao governo e ao mundo da cultura. Se eu não soubesse o que faço, tenho certeza de que a presidente Dilma não me chamaria para o cargo."
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