A canção gospel está prestes a virar um gênero musical oficial, como o samba, o hip hop ou o sertanejo. No último dia 20, o Senado aprovou seu reconhecimento como manifestação cultural. Se a presidente Dilma Rousseff sancioná-lo, cantores, pastores, padres, parlamentares evangélicos e católicos que entoam esses cânticos e hinos de louvor cristãos poderão ser contratados como artistas e ter direito aos benefícios de isenção fiscal da Lei Rouanet.
Consultado pela Casa Civil, o Ministério da Cultura recomenda prudência ao Palácio do Planalto. O diretor do Centro da Música da Funarte — vinculado à Cultura —, Bebeto Alves, elaborou um parecer e considera que o projeto é polêmico. Bebeto entende não haver dúvida de que a música gospel é uma expressão cultural, mas se preocupa com a exploração religiosa da conversão desse estilo em manifestação cultural.
— É um assunto polêmico, um tema delicado e que precisa de um pouco de cuidado. A música gospel é, sim, uma manifestação cultural num país onde os gêneros musicais são muito amplos e variados. Mas tem uma questão de fundo, que é a catequese, a dinâmica religiosa e litúrgica. O risco é de haver uma distorção do entendimento de expressão e linguagem de cultura com evento de cunho religioso. Imagino que deva ter algum impedimento quanto a isso. De se coibir distorções no uso das benesses da lei — disse Bebeto Alves...
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